O primeiro ano sem a presença de um ente querido é o mais difícil. Neste período é normal relembrar os últimos dias vividos junto ao falecido. Os familiares e amigos tendem a descrever os momentos com muita clareza e riqueza de detalhes, o que antes se tornava difícil devido as lembranças estarem bastante conturbadas.

As reações emocionais e lembranças relativas a essa data costumam acontecer dias antes, ou seja, é como se a pessoa se preparasse para viver este momento. É normal que a lembrança traga consigo pensamentos acerca do tema "culpa", gerando dor e sofrimento ao enlutado que ainda se encontra em um processo de reconstrução. Essa culpa se refere muitas das vezes a forma com que o enlutado se portou diante da perda há um ano atrás, como, revolta com Deus, independente da religião ou maneira como tratou os familiares e amigos, dentre outras. O fato é que o enlutado deve compreender suas limitações e entender que no momento de desespero diante da morte ele pode ter tido reações que não são habituais em seu modo de agir. Estas lembranças das reações negativas tidas na época da morte não devem ser lamentadas, reparadas ou motivos de arrependimentos, nem tampouco julgadas como apropriadas ou não.

O aniversário de morte deve ser vivido junto à família, onde os membros possam apoiar-se uns aos outros, evitando momentos de isolamentos, histórias e lembranças que tendem a aumentar ainda mais a dor. Ao passar esta data, espera-se que o enlutado continue reconstruindo sua vida sem a pessoa amada e que a saudade, até então dolorida, se torne uma doce lembrança de uma vida feliz!

Nágela G. Caíres Sousa

Psicóloga graduada pela UEMG – Faculdade Estadual de Minas Gerais

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