“Que sabemos nós seres chorosos à beira da morte do outro?
Que sabemos nós seres medrosos à beira da vida, à beira de nós mesmos?
Que sabemos nós da barca, à espera da passagem do mistério?
-Nada. Por isso tememos...”

(Dalila Teles Veras-Literatura Brasileira, 1998)

Catástrofe, palavra que nos remete a desastre, situação negativa e danosa. Dita o todo o momento, a palavra catástrofe se encontra em todos os meios de comunicação, seja nos jornais, na TV ou no rádio nunca se falou tanto de catástrofes naturais como nos últimos tempos. Terremotos, furacões, erupções e inundações se fazem presentes no mundo todo e com uma freqüência e intensidade cada vez maior. Estes acontecimentos súbitos de origem natural, na maioria das vezes imprevisíveis afetam gravemente a segurança das pessoas, as condições de vida das populações a estrutura socioeconómica de um país, e, sobretudo traz consigo dor e sofrimento. Frases como: “Aumenta o número de mortos”, “Já passam de 300 o número de mortos e desaparecidos”, “Ainda não se sabe quantos desaparecidos” se tornam cada vez mais freqüentes em nosso cotidiano. Desta forma, a morte em catástrofes é tida como mais um número, mais uma entre tantas, e é neste momento que nos perguntamos o que fazer como lidar com está morte que é tida e vista como mais uma entre milhares? O fato é que não importa se esta aconteceu em conjunto ou não, o fenômeno conhecido como morte diz de algo peculiar, subjetivo e único, portanto, a maneira como cada um irá vivenciar sua perda é extremamente particular.

Embora pessoas sofram pela morte de familiares e amigos em um mesmo desastre, se unem para reivindicar e trocar saberes e palavras de consolo as reações são diferentes entre si. 

São muitos os fatores que influenciam a forma de vivenciar o luto, o mais importante deles é a intensidade do vínculo que se mantia com o falecido, fatores característicos do enlutado também tem grande peso, podemos citar aqui alguns destes, como: forma de enfrentamento das adversidades, estado psíquico anterior à perda, expectativas em relação ao falecido, história de vida, estágio em que se encontrava a relação no momento em que se rompeu e até mesmo a representação social do fenômeno morte. 

Processar todos estes fatores, vivenciar a dor, faz parte de um trabalho de reorganização interna, onde as manifestações se dão de forma árdua, dolorida, demorada e muito particular. Portanto, o importante é entendermos que somos únicos e que carregamos histórias de vidas singulares mesmo que ao final tenhamos um mesmo destino.

NÁGELA GRAZIELE DE CAIRES SOUSA

Compartilhar: