O Luto é um tema muito estudado ao redor do mundo. A ideia de etapas e fases é altamente difundida. Uma das mais comuns e aceita pela sociedade é a dos 5 estágios do Luto. 

É inegável que a criadora da teoria dos 5 Estágios, Elizabeth Klubber-Ross, mudou drasticamente a maneira que o mundo pensava e dialogava sobre a morte.

O que você talvez não saiba é que ela “originalmente não desenvolveu esses estágios para explicar o que as pessoas passam quando perdem um ente querido. Em vez disso, ela os desenvolveu para descrever o processo pelo qual os pacientes passam à medida que lidam com suas doenças terminais. Os estágios - negação, raiva, barganha, depressão e aceitação - só foram aplicados mais tarde a amigos e familiares enlutados, que pareciam passar por um processo semelhante após a perda de seus entes queridos.” de acordo com o Psicólogo David B. Feldman.

O problema é que um dos efeitos colaterais da crença de que existem estágios no luto, leva milhares de enlutados a acreditarem que existe uma forma correta e incorreta de viver o processo.

Além disso, o conceito de estágios muitas vezes faz com que enlutados se sintam impotentes e à mercê do tempo.

Quando, na verdade, o Luto não é linear e nem tão simples assim.

No entanto, existe um especialista do Luto que propõe uma abordagem diferente: William Worden.

O Psicólogo, Ph.D. e um dos principais estudioso do projeto de Luto Infantil de Harvard, propõe um modelo de quatro tarefas, no qual quem vive o Luto se torna ativo no próprio processo. Nele, a passagem do tempo é deixada em segundo plano e o enlutado, suas emoções e protagonismo em primeiro.

Veja a seguir quais são as tarefas:

Tarefa 1: Aceitando a realidade da perda

A primeira tarefa - simples e complexa - envolve chegar a um acordo com o fim da vida de quem amamos. Uma forma de fazer de aceitar a realidade da perda inclui passar pelos rituais do funeral e luto, ou falar e pensar sobre a pessoa no passado.

Essa tarefa não é totalmente cumprida até que aceitemos a profundidade do relacionamento e enfrentemos o impacto total da perda. Aceitar a perda de um ente querido vai muito além de aceitar a realidade da morte.

Tarefa 2: Lidando com a dor e o luto

O luto traz muitas emoções e Worden reconhece que cada perda significa trabalhar com aquela gama de emoções particulares ao indivíduo. Para ele, o perigo está em afastar nossos sentimentos ou evita-los.

Essa fase é sobre abraçar a totalidade do que sentimos.

Quaisquer que sejam as emoções presentes, é importante reconhecê-las, falar sobre elas e compreendê-las. E sobretudo, ser pacientes com a gente mesmo.

Tarefa 3: Adaptando-se ao novo ambiente

A terceira tarefa envolve a adaptação a um ambiente alterado, do qual o ente querido já se foi. Essa tarefa pode significar coisas diferentes para as pessoas, dependendo do relacionamento com a pessoa que faleceu, bem como dos papéis impactados pela perda.

Tarefa 4: Honrando a Memória: Encontrar uma conexão com o falecido

Esta última tarefa pode demorar e ser uma das mais difíceis de realizar. Esta tarefa inclui encontrar uma conexão emocional contínua e apropriada com a pessoa que morreu, que ao mesmo tempo nos permite seguir em frente com a vida.

Essa tarefa, como todas as outras, pode significar coisas diferentes para pessoas diferentes,

Devemos permitir espaço para pensamentos e memórias do falecido, enquanto ao mesmo tempo nos envolvemos em atividades que sejam significativas para nós. Isso pode incluir encontrar novas atividades que sejam agradáveis para nós ou encontrar novos relacionamentos.

Para Worden, é importante que continuemos a viver nossas vidas com um senso de propósito e significado.

Embora o relacionamento com aqueles que perdemos continue a evoluir, eles sempre - por meio da conexão emocional estabelecida - serão convidados a fazer parte de nossas vidas.

Infelizmente, em nenhuma das milhares de teorias espalhadas pelo mundo, podemos mudar o fato de que nossos entes queridos morreram. No entanto, podemos escolher como reagiremos à morte deles quando estivermos prontos.

Podemos escolher viver a Vida em comunhão com o amor profundo que sentiremos para sempre.

Lembre-se: não existe certo e errado quando vivemos uma experiência única e pessoal.

Quer conhecer mais do Projeto Horizontes de Apoio ao Luto, siga o nosso Instagram @horizontes_cuidar


Fontes:

https://hospicefoundation.org/Professionals/Experts-Talk-EOL-Care/Interview-with-Dr-J-William-Worden

https://www.psychologytoday.com/us/blog/supersurvivors/201707/why-the-five-stages-grief-are-wrong

https://whatsyourgrief.com/wordens-four-tasks-of-mourning/

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