Nem sempre se acostumar é a melhor saída.

Há mais de 6 meses convivendo com uma pandemia tivemos que nos adaptar. Fizemos de uma situação hostil, o combustível para o desenvolvimento e aprendizado. Como sempre fazemos.

O ser humano tem o dom de se adaptar. A capacidade de ir buscar novas soluções e construir uma nova realidade suporte e encontrar forças no que a princípio parece retirá-las. Isso é o que nos faz tão divergentes de todo o reino animal.

Apesar das conquistas, é impossível negar o que perdemos nos últimos meses. Os falecimentos e o sofrimento são inestimáveis.

Para aqueles que perderam alguém que amam, passar pelo processo de luto já envolve ter que se adaptar a um novo normal: uma nova realidade onde a dor da saudade ocupa o espaço de quem a gente tanto ama; além da impossibilidade da despedida, é a luta para continuar vivendo e honrando aqueles que se foram.

E como se conformar com as circunstâncias estando do lado fora?

Em tempos em que os jornais mostram as perdas pela Covid como números, podemos nos sentir entorpecidos diante da gravidade e da dor que tantas famílias estão vivenciando.

Devemos lembrar sempre que não são apenas números. E cada perda tem um grande significado.

Normalizar o Luto e a Morte não é algo a que devemos nos acostumar. A resiliência não funciona nesse caso. E nem deveria.

O “novo normal” precisa trazer junto com ele novas formas de adaptação que nos melhorem como pessoas e comunidade, não que nos afastem da nossa real humanidade.

“Nenhum de nós pode ficar imune a esse tipo de vivência”, como disse Mario Sergio Cortella, na Academia CBN.

“O verdadeiro túmulo dos mortos é o coração dos Vivos.”

Portanto, enquanto não nos entorpecermos diante do momento atual, não importa quanto tempo dure, estaremos cultivando a vida dentro de nós também.

Que a gente consiga, como comunidade, normalizar novas formas de honrar, lembrar, amar e estar perto.

Mas normalizar o Luto?

Jamais.


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Fonte: https://audioglobo.globo.com/cbn/podcast/feed/80/academia-cbn

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